O que você deveria saber sobre o Diabetes?
Uma doença silenciosa que aumenta o risco de IAM e AVC - Dia Mundial do Diabetes - 14 de Novembro
Hoje comemoramos o dia mundial de combate ao diabetes mellitus (DM), uma doença crônica silenciosa que afeta milhares de brasileiros. O diabetes é caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue. A glicose é importantíssima e funciona como o combustível para as nossas células funcionarem adequadamente, no entanto no paciente diabético, a glicose não consegue ser utilizada adequadamente para fornecer energia. A doença pode ser causada pela deficiência do hormônio chamado insulina, que é responsável por fazer a entrada da glicose dentro da célula, ou pela resistência à ação desse hormônio nas células.
"O diabetes é caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue"
Níveis de glicose persistentemente elevados no sangue trazem uma série de complicações crônicas que podem afetar bastante a qualidade de vida do paciente bem como sua expectativa de vida. O DM danifica sobretudo os vasos sanguíneos, causando inflamação e facilitando o depósito de gordura no interior dos vasos (aterosclerose). Assim, quem é portador da doença tem cerca de 4 vezes mais chance de ter infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC). Outros órgãos que podem ser comprometidos são os rins, os olhos e os nervos das pernas, gerando a insuficiência renal, a retinopatia e a neuropatia diabética, respectivamente.
" O DM pode gerar várias complicações, entre elas IAM e AVC"
Existem três tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2 e gestacional. O diabetes tipo 1 é aquele conhecido pela maioria das pessoas como dependente de insulina. O paciente tem uma deficiência da produção de insulina pelas células beta do pâncreas por um mecanismo autoimune. Essa deficiência pode ser parcial ou praticamente total e ocorre normalmente em pessoas jovens. As pessoas com DM tipo 1 precisam tomar medicamentos diariamente para compensar essa insuficiência da produção do hormônio.
Já o DM tipo 2 é conhecido popularmente como diabetes do adulto, por ser mais comum em pessoas acima de 40 anos, é o tipo mais frequente, sendo responsável por mais de 95% dos casos no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ele está relacionado a outros fatores de risco como idade, sobrepeso/ obesidade e sedentarismo. No entanto, um número cada vez maior de crianças e adolescentes vem desenvolvendo diabetes em virtude dos hábitos de vida desregrados e alimentação rica em alimentos ultra processados.
Esse tipo de diabetes pode ser silencioso durante vários anos, pois a produção de insulina/ resistência insulínica vai se desenvolvendo aos poucos, podendo passar despercebida caso a pessoa não faça check-ups médicos regulares. É importante dizer que além dos fatores de risco citados, algumas pessoas estão geneticamente predispostas à doença, caso tenham familiares com diabetes, tendo assim um risco maior de desenvolver a doença.
O pré-diabetes é o estado de risco aumentado para o aparecimento do diabetes tipo 2 e significa que o corpo está com níveis aumentado de glicose, porém ainda não atingiu os limites para o diagnóstico. Segundo a Academia Americana de Diabetes, o pré-diabetes é definido com valores de glicemia de jejum entre 100 – 125mg/dL, glicemia após 2h 140 – 199 mg/dL ou hemoglobina glicada (HbA1c 5,7 – 6,4%). O diagnóstico de DM tipo 2 é feito por valores acima desses mencionados anteriormente. Mesmo o estado de pré-diabetes, aumenta o risco para eventos cardiovasculares como IAM e AVC.
A maioria das pessoas começam a apresentar algum tipo de sintoma quando a glicose está acima de 180 mg/dL, por isso é importante o diagnóstico precoce, que pode ser feito por meio de exames de sangue simples. Os sintomas mais comuns são: muita sede, urina em excesso, desidratação, fome excessiva, visão embaçada e perda de peso inexplicada. Uma dosagem de glicemia aleatória com um valor maior ou igual a 200mg/dL associada a esses sintomas clássicos já confere o diagnóstico de diabetes.
Algumas pessoas estão sob um maior risco de ter o DM tipo 2: pessoas que tem sobrepeso/obesidade, principalmente aquelas que tem excesso de gordura abdominal, familiares com diabetes, passado de IAM ou AVC e idade mais avançada, por conta do envelhecimento do pâncreas.
O tratamento deve ser pautado múltiplos pilares, com o objetivo de manter os níveis de glicose o mais próximo possível dos valores normais, porém a meta de cada paciente deve ser individualizada. Ele deve envolver mudanças no estilo de vida, como redução do peso com alimentação saudável e prática de atividade física regular, associada a medicamentos quando indicados.
Importante dizer que a mudança do estilo de vida é mais eficaz quando feita paulatinamente e sem radicalismos. Pode ser extremamente maléfico seguir uma dieta só porque ela está na moda ou usar medicações sem orientação médica. Como linhas gerais, sempre oriento encontrar um exercício físico que te traga prazer e que facilite a perda de calorias, associado a uma alimentação com baixo teor de carboidratos e açúcares, reduzindo o consumo de alimentos gordurosos e aumentando o consumo de grãos, fibras, frutas e vegetais.
Eu espero que esse texto tenha sido útil para você e se você conhece alguém que tenha diabetes ou que tenha os fatores de risco para a doença, compartilha para disseminar mais ainda a informação.
Fontes:
Sobre
Atua como médica neurologista especialista em AVC ("derrame cerebral")
Professora da FAMED-UFAL
CRM - AL 5647
RQE 3137