Outubro é o mês de Combate ao AVC
A doença que mais matou brasileiros nos últimos 2 anos
Outubro é o mês de Combate ao AVC
Profa. Letícia Januzi de A. Rocha
Diretora Regional Nordeste da Academia Brasileira de Neurologia (ABN)
Neurologista HUPAA
O AVC foi a doença que mais matou brasileiros nos últimos dois anos, no mundo ele chega a ser a quinta a causa de morte. O AVC pode ser de dois tipos, isquêmico, quando há uma obstrução de um vaso sanguíneo do cérebro, impedindo com que o fluxo de sangue flua normalmente, ou hemorrágico, quando um vaso sanguíneo se rompe e o sangue se instala dentro do cérebro ou entre o cérebro e as meninges (as membranas que recobrem o cérebro). Os dois podem ser igualmente graves e levam a morte das células do cérebro, os neurônicos.
Atualmente temos assistido um aumento do número de AVCs em todo o mundo e inclusive no Brasil. Desde 2019 ele supera as doenças cardiovasculares em causa de morte. O aumento da incidência do AVC se deve sobretudo ao estilo de vida da nossa população. Nos últimos 10 anos essa elevação de número de casos vem ocorrendo inclusive nos pacientes jovens, que cada vez mais precocemente entram em contato com fatores de risco importantes para a doença: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, cigarros tradicionais ou eletrônicos, álcool.
Mais recentemente a doença também vem sendo relacionado às condições ambientais e socioeconômicas. Pessoas que vivem que piores situações financeiras, de acesso à saúde e educação estão sob um risco mais de apresentar um AVC, justamente pelo fato de estarem mais expostas a fatores de risco para a doença. Até aumento da temperatura global está associado a maior incidência da doença. Sabemos que os locais mais quentes do globo possuem uma maior concentração de pessoas com piores condições socioeconômicas, o que pode influenciar sim nos hábitos de vida e na ocorrência de doenças.
Para prevenir um AVC é necessário mudança de estilo de vida: tratamento da pressão arterial e do diabetes, evitar o sedentarismo e adotar uma alimentação saudável combatendo a obesidade, cessar tabagismo e etilismo. É muito importante também fazer consultas médicas periódicas para que essas condições sejam identificadas e tratadas prontamente. Mais de 90% dos AVCs podem ser evitados através dessas estratégias.
Identificar um AVC é relativamente fácil: dificuldade de sentir ou movimentar um lado do corpo, dificuldade de andar em linha reta, boca torta, dor de cabeça súbita e muito intensa, voz enrolada ou dificuldade para se comunicar são os principais sintomas, e podem estar presentes tanto no AVC isquêmico como no hemorrágico. Diante da mínima suspeita de um AVC, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde capacitado para o atendimento. Você pode consultar os locais de atendimento da sua cidade no site da Rede Brasil AVC (https://www.redebrasilavc.org.br/pacientes/).
Os tratamentos para o AVC evoluem em uma velocidade muito rápida e hoje já temos diversas estratégias que evitam incapacidade e morte. No entanto, o sucesso desses tratamentos é tempo-dependente, ou seja, o quanto antes a pessoa chega até o serviço de emergência maiores são as chances de que sequelas sejam evitadas. Para o tratamento trombolítico, por exemplo, uma das principais modalidade para o AVC isquêmico, temos apenas 4h e 30 minutos para a administração da medicação. Se formos pensar no tempo decorrido até que a pessoa ou familiar identifique o sintoma, procure uma emergência e que todas as etapas de atendimento sejam cumpridas, esse tempo é muito curto!
Por isso aproveito o mês de outubro para falar bastante sobre esse tema! Aqui em Alagoas a Associação Ação AVC encabeça as campanhas de conscientização da doença há 15 anos e no dia 03/11/2024 fará o nosso já consagrado circuito saúde na Orla de Maceió às 7h da manhã, junto com uma linda caminhada.
Consulte os sites e redes sociais das nossas sociedades e entidades parceiras que deixo aqui nas fontes desse artigo e junte-se a nós na divulgação dessa doença que apesar de ainda ter números chocantes tem prevenção e tratamento.
Fontes:
@leticiajanuzi
@sociedadebrasileiradeavc
@sociedadealagoanadeneurologia
@redebrasilavc
@acaoavc
Sobre
Atua como médica neurologista especialista em AVC ("derrame cerebral")
Professora da FAMED-UFAL
CRM - AL 5647
RQE 3137